A Entrelinhas Editora faz o lançamento da 2ª edição revisada e atualizada do livro Geografia de Mato Grosso: Território, Sociedade, Ambiente, no dia 11 de abril, a partir das 20 horas, no Sesc Arsenal, em Cuiabá.
O livro, que teve a sua primeira edição lançada em 2005, volta ao mercado atualizado, atendendo a reivindicação de estudantes, vestibulandos, acadêmicos, professores, pessoas que estudam para concursos e de profissionais interessados em conhecer a dinâmica histórica e atual da sociedade mato-grossense e as suas transformações.
Organizado pelas professoras Gislaene Moreno e Tereza Cristina Souza Higa, com a colaboração da professora Gilda Tomasini Maitelli, a obra apresenta de forma didática, com riqueza de ilustrações, textos escritos por um corpo competente de 11 autores, doutores da UFMT, UnB e USP, que expõem com coerência, profundidade e clareza, o processo de produção do território mato-grossense, em suas múltiplas dimensões socioambientais, destacando potencialidades e contradições de um espaço em constante movimento frente às mudanças impostas pelas inovações tecnológicas na sua produção.
Além dos 11 autores, a obra contou com o suporte de 33 profissionais da área editorial, designers, ilustradores, revisores, fotógrafos. A edição apresenta em suas 304 páginas em policromia, 77 mapas e cartogramas, 249 fotografias, 30 gráficos e 9 infográficos. O suporte bibliográfico utilizado pelos autores na pesquisa e elaboração dos textos foi além de 400 obras. A editora Maria Teresa Carrión Carracedo explica que, ao lado do Atlas Geográfico de Mato Grosso, de Leodete Miranda e Helton Bastos, lançado em 2016, este livro de geografia de Mato Grosso é uma das edições mais complexas já produzidas em Mato Grosso. Seis anos de intenso trabalho foram necessários para sua finalização.
“Acreditando no inquestionável poder de transformação pela Educação é que lançamos a segunda edição deste livro que compõe a nossa coleção didática de referência para estudar e conhecer Mato Grosso. A compreensão da realidade mato-grossense, a exposição das contradições e impasses socioespaciais que nela se apresentam, é condição básica para o exercício da cidadania. Se os jovens tiverem acesso a este conhecimento é possível definir que ambientes/espaços queremos ajudar a construir/conservar/modificar: e como queremos que seja o Estado/cidade/vila/distrito/bairro, ou a nossa rua. Os desafios do nosso tempo são muitos. É preciso ‘conhecer’ para que haja transformação. Diferente disso, afirmo que estaremos sempre diante de um “jogo de cena” por parte dos que administram os sistemas educacionais em nosso Estado e nos municípios”, destaca a editora, preocupada com a falta de acesso dos alunos a estes conteúdos.
O livro é composto por quatro unidades temáticas contendo 15 capítulos, distribuídos em temas específicos dedicados às relações homem-natureza. Escritos por autores de reconhecida competência no âmbito acadêmico, os temas levam o leitor à uma compreensão da realidade mato-grossense na sua totalidade.
A Unidade 1 traz, no capítulo 1, uma contextualização atual de Mato Grosso mostrando aspectos da modernidade no cotidiano da sociedade, após o séc. XIX. A Unidade 2, composta pelos capítulos 2 a 8, trata sobre a construção do território mato-grossense a partir do seu processo de expansão ocupacional e da inserção de Mato Grosso na economia nacional, analisando as políticas e estratégias governamentais tomadas para a formação do território, com início no século XVI. Numa segunda fase desse processo, no século XX, trata da colonização oficial e particular, empreendidas pelos governos estadual e federal como estratégia de povoamento do território e de expansão espacial do capital nas áreas de fronteira agrícola, abrindo possibilidades para um novo reordenamento do território com a produção de novos espaços socioambientais e sua integração a um projeto nacional de desenvolvimento. Discute a dinâmica da população a partir das políticas e estratégias de ocupação, analisando as suas características gerais: crescimento, distribuição no espaço urbano e rural, estruturas etária e sexual, força de trabalho e o papel da migração na composição e na diversidade cultural da população residente no Estado. Em seguida, discute o reordenamento do território frente a intensa movimentação na produção de novos arranjos espaciais com a divisão do Estado e a criação de novos municípios impulsionados pela interiorização da economia regional, consolidando, assim, o processo de regionalização, que representa o atual momento da produção econômica e territorial de Mato Grosso. Nesse contexto, os povos indígenas são estudados conforme sua espacialização e expropriação sofrida com o avanço do capital sobre seus territórios. Essa unidade se encerra com o texto sobre a dinâmica urbana regional, analisando a formação das cidades e o processo de urbanização, destacando Cuiabá como metrópole regional.
A Unidade 3, composta pelos capítulos 9 a 11, dedica-se ao estudo das políticas governamentais de desenvolvimento regional empreendidas a partir da metade do século XX. Inicialmente, enfoca as transformações ocorridas no campo mato-grossense, analisando o desenvolvimento e a expansão do agronegócio e suas tendências na reorganização do espaço geográfico em territórios especializados na produção de monoculturas. Explica como se deu a apropriação capitalista e a concentração das terras no Estado. Analisa o uso da terra e a produção agropecuária empresarial e familiar, destacando seus impactos na economia. Discorre sobre os principais produtos agropecuários e sua espacialização. Discute a estrutura fundiária e as relações de trabalho no campo. O texto seguinte aborda as políticas públicas de infraestrutura e de desenvolvimento regional. Focando o setor industrial, analisa a tendência na industrialização agropecuária, tendo como fonte a cadeia de carnes e grãos; mostra a expansão do setor comercial e de serviços, motivada pelo crescimento agropecuário; aborda ainda as atividades de energia, transporte e turismo, enfatizando sempre os aspectos sociais, econômicos e ambientais, bem como, os impactos advindos com as políticas públicas nos processos de desenvolvimento.
A Unidade 4 dedica-se ao estudo do quadro natural, analisando os processos físicos que lhe são inerentes e as suas transformações em decorrência dos mesmos e da intervenção humana. Nesta perspectiva é ressaltado o papel do relevo na produção do espaço, mostrando o dinamismo econômico regional e as condições naturais do relevo, evidenciadas na compartimentação geomorfológica do território mato-grossense. Os recursos minerais de Mato Grosso são, também, destacados, enfatizando o potencial produtivo das diversas províncias minerais do estado. O clima de Mato Grosso é tratado nesta unidade, em que são discutidas as classificações climáticas, as relações do clima com o relevo e com a vegetação, as variações e as médias pluviométricas e térmicas e as relações entre as atividades humanas e o clima. Ainda nesta unidade é tratada a biogeografia de Mato Grosso que discute a classificação, as características e a distribuição dos domínios biogeográficos no território estadual, analisando para cada um dos domínios apresentados as interações da fauna com a flora, o processo ocupacional e os impactos decorrentes. Por fim, a unidade 4 fecha o livro de Geografia de Mato Grosso discutindo a hidrografia no contexto regional. Assim, é analisada a importância que hidrografia desempenhou nos primórdios da ocupação mato-grossense e seu papel vital para o desenvolvimento das atividades econômicas. Neste contexto é apontada as interações da rede hidrográfica com o relevo e com o clima, caracterizada as bacias hidrográficas e discutidos os principais problemas ambientais que a rede hidrográfica tem sofrido.
Sobre os autores
ARIOVALDO UMBELINO DE OLIVEIRA – graduado em Geografia, doutor em Geografia Humana e Livre-docente pela Universidade de São Paulo (USP). Professor pesquisador na área de Geografia Humana, na USP.
CORNÉLIO SILVANO VILARINHO NETO – licenciado em Geografia pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), mestre em Geografia pela Universidade Estadual Paulista (Unesp/Rio Claro) e doutor em Geografia Humana pela USP. Professor pesquisador da área de Geografia Humana e Geografia Regional, na UFMT.
CRISTINA MARIA COSTA LEITE – graduada em Geografia, especialista em Gestão do Território e mestre em Gestão Ambiental pela Universidade de Brasília (UnB). É especialista em Sensoriamento Remoto pela Unesp/Rio Claro. Professora da UnB e técnica do Ministério do Meio Ambiente.
GILDA TOMASINI MAITELLI – graduada em Geografia pela UFMT. Mestre em Ecologia pela UnB e doutora em Geografia Física pela USP. Professora pesquisadora da área de Geografia Física/Climatologia, na UFMT.
GISLAENE MORENO – licenciada em Geografia pela UFMT. Mestre em Administração de Sistemas Educacionais pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e doutora em Geografia Humana pela USP. Professora pesquisadora da área de Geografia Agrária, na UFMT.
JURANDYR LUCIANO SANCHES ROSS – graduado em Geografia pela USP. Mestre em Geografia Física, doutor em Geografia e Livre-docente pela USP. Professor pesquisador da área de Geografia Física, na USP. A classificação do relevo brasileiro mais utilizada na atualidade foi estruturada por este autor.
LUNALVA MOURA SCHWENK – graduada em Geografia pela UFMT. Especialista em fotointerpretação de imagens orbitais e sub-orbitais, mestre em Ecologia e Conservação da Biodiversidade e doutora em Geografia pela UFRJ-UFMT.
MÁRIO DINIZ DE ARAÚJO NETO – graduado em Geografia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mestre em Ecologia pela UnB, doutor e pós-doutor em Geografia pela University of Edinburg, Escócia. Professor pesquisador das áreas de Geografia Física e Humana, na UnB.
PRUDÊNCIO RODRIGUES DE CASTRO JÚNIOR – graduado em Geologia pela UFMT. Especialista no ensino de Geociências no nível superior, mestre em Educação pela UFMT e doutor em Geografia Física pela USP. Professor pesquisador da área de Geociências, na UFMT.
TEREZA CRISTINA CARDOSO DE SOUZA HIGA – licenciada em Geografia pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). Mestre em Geografia pela Unesp/Rio Claro e doutora em Geografia Física pela USP. É professora pesquisadora da área de Geografia Regional, na UFMT.
TEREZA NEIDE NUNES VASCONCELOS – graduada em Geologia pela UFMT. Especialista em Solos e Meio Ambiente pela Universidade Federal de Lavras (UFLA/MG), mestre em Ecologia e Conservação da Biodiversidade pela UFMT. Técnica pesquisadora da Secretaria de Estado de Planejamento (Seplan-MT).
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