O território de Mato Grosso é equivalente ao da Venezuela. Dentro de suas divisas, cabem uma França e mais quatro países do tamanho de Portugal.
Cobrir de perto essa imensidão, em meio a complicadores como a dificuldade de acesso a determinadas regiões, é uma tarefa cara, arriscada e que demanda um tempo que o jornalismo atual precisa voltar a dispor.
Há ainda restrições financeiras e estruturais, que muitas vezes limitam a cobertura do interior a registros distantes e factuais, apurados por telefone.
No conjunto de reportagens selecionadas para compor o livro “Andanças: reportagens pelos confins de Mato Grosso” de Rodrigo Vargas e José Medeiros, que será lançado no dia 14 de junho pela Entrelinhas Editora, estão compilados quase 10 anos de tentativas de superar essas barreiras.
Andanças a pé, em barcos, de carro ou de avião. Andanças em meio à poeira, vencendo atoleiros e pontes precárias. Andanças ao encontro de histórias, lugares e pessoas improváveis, inesquecíveis.
Do extremo sul, no espetacular cenário do Parque Nacional do Pantanal, ao extremo norte, onde bravos mato-grossenses levam a vida em meio à floresta.
Do Araguaia de Casaldáliga ao rio Guariba, dos últimos seringueiros. Da solidão do índio Julá Paré, o último falante de seu idioma, à desilusão dos migrantes japoneses.
“Mato Grosso, com sua diversidade de povos, culturas e cenários, segue sendo um espaço raro para o jornalismo. É fundamental, porém, colocar o pé na estrada”, afirma o jornalista Rodrigo Vargas, que assina o livro juntamente com o fotojornalista José Medeiros.
“Sempre tive o espírito inquieto, ávido por estas reportagens especiais”, explica o fotojornalista José Medeiros. “Comecei essa busca com os jornalistas Joanice Pierini e Rubens Valente, antes de me aventurar com Rodrigo Vargas, para o jornal Diário de Cuiabá nos confins de Mato Grosso, em algumas das reportagens agora registradas neste livro,” explica o autor.
O jornalista e escritor Rubens Valente, autor dos livros-reportagens “Operação Banqueiro” e “Os fuzis e as flechas”, sucesso de vendas, assina o prefácio do livro e assegura que “poucos jornalistas hoje em atividade no Brasil conhecem tanto os desvãos de Mato Grosso, e deles sabem extrair suas histórias mais guardadas, quanto Rodrigo Vargas e José Medeiros, que nos brindam com este formidável livro.”.
“Abraçamos o projeto de publicar este livro não só pela proposta de dois jornalistas apaixonados pelo seu ofício e interessados em fazer a diferença neste mundo mesmo enfrentando todas as adversidades, mas também porque acreditamos na força do jornalismo literário, aquele que se aproxima da arte da literatura”, explica a editora e também jornalista Maria Teresa Carrión Carracedo, da Entrelinhas Editora. “Mato Grosso é um território extraordinário para quem deseja se dedicar a um jornalismo de profundidade, uma literatura da realidade ou literatura não ficcional. Estamos falando aqui de um jornalismo revelador, que vai muito além das notícias do dia a dia e mostra a realidade sob uma nova perspectiva. Ele exige abordagens mais criativas e se utiliza de técnicas das narrativas jornalística e literária. Precisamos que os veículos de comunicação abram espaços e invistam neste jornalismo de uma realidade subjacente que pode culminar com a publicação de livros tão importantes para a sociedade quanto deliciosos de ler”, acrescenta a editora que destaca o caráter de registro permanente dos livros-reportagens, das biografias, do romance histórico, gêneros que vão além de dar a conhecer a realidade de forma diferenciada, mas provocam inspiração e alimentam a alma com histórias que valem o registro.
A publicação é uma iniciativa da editora Entrelinhas com o apoio institucional do governo de Mato Grosso.
Mais informações sobre o livro, neste link
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