Helena Werneck, a mais jovem poeta mato-grossense publicada e premiada, lança nesta terça-feira (28), às 19 horas, no Sesc Arsenal, o livro “Nu”, um dos vencedores do 2º Prêmio Mato Grosso de Literatura, realizado pela Secretaria de Estado de Cultura de Mato Grosso.
O livro, premiado na categoria “Revelação” e publicado pela Entrelinhas Editora, reúne 70 poemas escritos em poucos meses quando Helena tinha apenas 16 anos. Agora aos 17, sob as pressões próprias da idade, está lançando o seu primeiro livro.
A paixão pela literatura surge na vida da jovem autora ainda criança. Desde que aprendeu a ler e escrever demonstra amor pelos livros e justamente na adolescência, o desejo de escrever poesias aflorou. E ela o faz em qualquer momento e lugar – no ponto de ônibus, andando pela rua, antes de dormir...
“Minha mãe lia para mim desde criança. Isso me levou ao gosto pela literatura e poesia bem cedo. Eu sempre escrevi muito... e aí chegou um momento em que percebi que eu gostava muito mais de escrever poesia do que das outras coisas... a poesia traduz momentos que vivi.”
O livro é apresentado pela prestigiada poeta Lucinda Persona e surge como uma revelação no cenário literário mato-grossense.
Para Lucinda “as elaborações de Helena provocam, a cada trecho, um pausado espanto, pela adolescência dos tons ao lado de uma maturidade afetiva angustiada. Seria o caso de se dizer que na claridade juvenil perpassa a sombra da angústia.” E acrescenta: “Esse legado de emoções da juventude e assuntos associados à vida comum da poeta traz à baila combinações de muito fôlego, elaborações sérias, divertidas, ternas e dramáticas.” Lucinda considera que Helena “chega para remoçar o entusiasmo de que tanto necessitamos. Que ela fique/permaneça desvelando novos sonhos no território sempre novo da poesia.”
A capa do livro apresenta uma metáfora visual intrigante. Foi ilustrada por uma foto de Ernani Lacerda de Oliveira Junior – uma árvore do cerrado, completamente nua, sem folhas, tendo ao fundo a Via Láctea, no Pantanal Mato-grossense.
Helena Werneck nasceu em 4 de maio de 2000, em Cuiabá. Cursa o Ensino Médio no Instituto Federal de Mato Grosso. É vestibulanda e convive com a ansiedade e as angústias da escolha, tão presentes nos jovens de sua geração. Os poemas de Nu foram escritos em 2016, quando vivia os dilemas dos seus 16 anos.
Um lamento da autora: o roubo recente do seu celular, com muitos poemas inéditos que lhe ocorreram em todas as horas de qualquer dia e lugar e estavam gravados apenas na memória do aparelho. “Roubaram parte da minha vida! A pessoa que estava lá, naqueles poemas, já não é mais a mesma. Eu perdi a fase mais obscura da minha poesia.”
Perguntada sobre o futuro: “Nossa! Que pergunta difícil! Me desculpe, mas não consigo responder. Só sei dizer que eu seria muito mais feliz se eu pudesse trabalhar com a Arte... Quando eu tenho que fazer uma coisa de que não gosto é como se o meu corpo pesasse um milhão de toneladas.”
Alguns trechos de poemas de Helena Werneck
Sirva-se do caos
Dos sonhos imundos
Sirva-se de mim:
Impura
Pecadora
Livre
Como um pássaro negro
Aquele que adormece em seu telhado
E vigia seus passos [...]
(do poema Jantar)
Chorei um mar inteiro por você
Chorei tanto
Que fiquei seca
Como o deserto [...]
(do poema Mudança)
Meu corpo soluça
No torpor da solidão
Saudade forte... [...]
(do poema Só)
Andei descalça
Pelos espinhos que espalhastes
Porque por ora
Achei
Que aquela dor
Me levaria a você [...]
(do poema Espinhos)
Rir é o subterfúgio dos tristes
A transparência dos inocentes
A certeza dos felizes
A incerteza dos efêmeros. [...]
(do poema Riso)
Mais informações sobre o livro, neste link
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