Distante dos portos, com estradas precárias e terras até então consideradas como pouco vocacionadas à agricultura em larga escala, empreender em Mato Grosso da década de 1980 era um grande desafio. Se hoje o Estado é um dos responsáveis por manter positiva a balança comercial brasileira, com recordes agrícolas e o posto de maior exportador de commodities do país, esta condição se deve à audácia de homens e mulheres que arriscaram empreender nessas condições.
Um desses personagens foi André Antonio Maggi, falecido em 2001, cuja história agora está sendo contada pela jornalista Martha Baptista na biografia autorizada “André Maggi: do cabo da enxada ao centro do agronegócio brasileiro” (Entrelinhas Editora, 352 páginas). Baseada em pesquisa jornalística, entrevistas e com rico acervo fotográfico, a edição cumpre o papel de fixar de vez na memória do país uma trajetória de vida essencial para se compreender contextos e aspectos humanos do agronegócio no Brasil.
O gaúcho André Antonio Maggi foi mais um “sem-nada” e homem de poucas letras a integrar ainda jovem os amplos movimentos migratórios de famílias que, na segunda metade do século XX, aos poucos deixaram o Sul do país para buscar a sobrevivência, trabalhando em novas terras. Dedicando-se a diferentes atividades econômicas, no caminho essas famílias foram estabelecendo negócios, formando fazendas, fundando comunidades e deixando legados da região Sul às regiões Centro-Oeste e Norte do país.
Entre seu primeiro deslocamento com a família ao Paraná, em meados dos anos 1950, e a aquisição de terras em Mato Grosso, no começo da década de 1980, André Maggi lidou na roça com mandioca, abacaxi e banana, trabalhou como madeireiro e plantou arroz, mas foi com o espírito de desbravador e o improvável cultivo de soja em Mato Grosso que veio a ficar conhecido como um dos mais importantes empreendedores brasileiros. Ao fundar o que veio a se tornar a Amaggi, maior empresa brasileira do agronegócio, André Maggi fundou fazendas no noroeste de Mato Grosso, onde também ergueu o município de Sapezal (do qual foi o primeiro prefeito), construiu hidrelétricas, venceu distâncias abrindo hidrovias nos rios amazônicos para exportar grãos pelo Oceano Atlântico e morreu aos 74 anos com reputação de pioneiro.
“André Maggi: do cabo da enxada ao centro do agronegócio brasileiro” está disponível para venda pelo site da editora Entrelinhas (www.entrelinhaseditora.com.br). A renda obtida com as vendas será revertida para a Fundação André e Lucia Maggi (www.fundacaoandreeluciamaggi.org.br), instituição sem fins lucrativos que promove o investimento social privado da Amaggi nas comunidades onde a empresa atua.
Sobre a autora
Quem conta essa trajetória é a escritora Martha Baptista, jornalista polivalente, com passagens por editorias variadas de veículos como o jornal O Globo, a revista Veja e o Jornal do Brasil, entre outros da imprensa nacional. Em Mato Grosso, Martha se especializou no agronegócio, escrevendo pela revista Produtor Rural e atuando em assessorias de imprensa do setor. Vencedora do Prêmio Esso de Jornalismo (categoria Informação Política, em 1987) e do Prêmio Embrapa de Reportagem (2005), entre outros, Martha também empregou sua técnica jornalística nos três livros que publicou anteriormente, todos pela editora Entrelinhas. A história de André Antonio Maggi, além de reforçar a vocação da editora mato-grossense para o registro historiográfico, também é a quarta obra da escritora corumbaense Martha Baptista com caráter biográfico.
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