A vida surpreende com seu movimento incessante, nem sempre aceitável ou compreensível. Mas também oferece novas possibilidades. Neste cenário insólito, o jovem Thiago, que se apresenta com o nome literário Costa Breu, chega para acrescentar. E considera que “somos vagantes perdidos entre dezenas de constelações”. Estudante do 3º Ano, escreveu o seu primeiro livro de poemas aos 16 anos.
O livro será lançado no próximo dia 15 de dezembro, no Anfiteatro Dom Malan, do Colégio Salesiano São Gonçalo, às 19 horas. Os protocolos de segurança de enfrentamento ao Covid-19 serão observados, com distanciamento e uso de máscara e álcool 70.
“A todos os viajantes que exploram a vida e o mundo – meramente passageiros em longo e incompreensível movimento, dedico.” Assim Costa Breu nos introduz à leitura de “Reviravolta do viajante”.
“Conheci os poemas de Thiago por indicação da professora Silbene, de Literatura. Os textos me surpreenderam por sua abordagem temática e domínio da linguagem, afinal, estávamos diante de um jovem de apenas 16 anos”, conta a editora, que imediatamente se interessou em publicar, por considerar necessário e merecido esse incentivo.
A professora Silbene Rapozeiras está exultante e diz sentir-se “extremamente orgulhosa por colher os frutos do ensino da Literatura, especialmente da Literatura Mato-grossense. É gratificante incentivar os alunos para além da apreciação da Literatura, produção de textos e o despertar do gosto pela leitura. E é por meio dela, da Literatura, que apresentamos o mais novo poeta mato-grossense, fruto desse incentivo e do apoio que recebemos no Colégio.”
O padre Hermenegildo Conceição Silva, diretor geral do Colégio Salesiano São Gonçalo, diz que a direção e os educadores estão muito felizes com a performance do jovem Thiago:
“Dom Bosco, fundador do Salesianos, sempre incentivou o protagonismo juvenil e seguimos esta orientação. Os educadores Salesianos do CSSG aprenderam bem essa máxima. A prova concreta é este nosso aluno Thiago – que diante do dom pessoal e da orientação dos educadores, nos entrega este seu primeiro livro de poesias, aprovado em análise rigorosa da editora”.
No livro, a editora Maria Teresa Carrión Carracedo, da Entrelinhas, fala sobre o jovem poeta: “Costa Breu é o nome literário de Thiago da Costa Pereira (2003), jovem apaixonado pela poesia e filosofia, nascido em Cuiabá. Se interessou primeiro pela Filosofia e logo começou a escrever alguns ensaios. O gosto pela poesia veio em seguida, momento em que lhe ocorreu juntar poesia e filosofia. Como resultado temos esta Reviravolta do viajante, que escreveu aos 16 anos, seu primeiro livro. Durante os primeiros meses da pandemia de 2020, escreveu o segundo livro de poemas, onde aborda questões existenciais fortes e surpreendentes. Ao ser perguntado, declara que as suas principais influências poéticas são Augusto dos Anjos, o Simbolismo em sí (com destaque a Cruz e Sousa), Álvaro de Campos (um dos heterônimos de Fernando Pessoa), e em parte o Futurismo e o Expressionismo – vertentes de vanguardas artísticas europeias do início do século XX, nas artes plásticas e literatura. Na Filosofia, destaca Arthur Schopenhauer, Albert Camus, Zygmunt Bauman e Friedrich Nietzsche, entre muitos outros…”
“Ao observar a indignação do jovem em relação a questões fundamentais do nosso tempo, me ocorreu solicitar o olhar do poeta Fábio Guimarães, ainda inédito, com três livros no “prelo” – e que chamará atenção na cena literária –, também inconformado desde sempre. Fábio Guimarães é defensor público e 50 anos separam os dois poetas.
Fábio Guimarães, em sua missiva com as impressões, destaca: “Muito promissor os escritos do jovem poeta. Como ele próprio diz, há forte influência dos poetas ditos “malditos”. Interessante sua construção ou observação das ‘agonias’ que a vida nos entrega. Há traços do Pessoa. Mas com uma impressão própria – e isso é uma virtude (porque é complicado você escrever “depois” dos grandes poetas: sempre existe o risco de algo parecido com plágio...). Thiago tem uma escrita muito ‘pessoal’. São poemas vigorosos. Surpreendente, de fato.”
Os poemas do livro foram estruturados pelo autor em 9 partes: Um andarilho e suas várias reflexões; Em movimento; Liberta liberdade; Pluralidade/Noite e tarde; Novos cenários/Futurismo e Simbolismo; Onipresença e a voz; Da mitologia à análises e dúvidas críticas; Reviravolta total no panorama; e Finalizando em restabelecimento?
A capa do livro e o interior foram ilustrados com uma obra do fotógrafo e biólogo Helder Faria, com a técnica de fotografia infravermelha. É uma belíssima e intrigante visão panorâmica do vale do rio Claro, no Parque Nacional de Chapada dos Guimarães. As cores alteradas pela técnica utilizada sugerem uma visão “diferente”, um outro olhar do jovem Costa Breu sobre a realidade.
Saiba mais sobre o livro fazendo download da degustação que a Entrelinhas Editora disponibiliza em sua loja virtual (www.entrelinhaseditora.com.br), na página de Reviravolta do Viajante.
Alguns poemas de “Reviravolta do Viajante”
PRINCÍPIO DO MOVIMENTO
Atrás de vários postulados, há um princípio:
O princípio do próprio movimento!
Causa primeira de um arrepio,
De uma manifestação, de um ato turbulento!
O movimento é uma ilusão?
Quem sabe; ilusão que aviva outras ilusões...
Digo tal preceito baseado em Zenão,
Que se opôs ao movimento e suas noções.
Mas não é o que irei considerar,
Até por não condizer a estes meus arranjos.
O que quero mostrar
É a força deste motor maior que abranjo,
Para minha passarela poética trilhar!
“Tudo é passageiro!”
Não é o que dizem?
Pois bem, graças a este provérbio feiticeiro!
Em sua mágica, sustêm uma grande barragem:
O espaço-tempo, cósmico e físico derradeiro.
TARDE
A noite teria prima rebelde:
A tarde, intermediando a rotina;
Conta-me coruja humilde
Que estudava a moçoila vespertina.
Garota hiperativa,
A tarde é senhorita histérica.
Descrita como imperativa
E doidamente colérica,
Magistral é sua impulsão criativa,
Que de cansaços é a fábrica!
Creio que a coruja surpreendi:
Pedi da noite separação.
O que concluí?
Que a tarde era nova paixão!
SOCIEDADE
Sim, cruzei também a tal sociedade,
Vendo-a desde pormenores
como doente e grosseira!
Redoma de fútil vaidade,
Normatizadora do mal-caratismo e sujeira!
Miseráveis rastejando pelas calçadas,
Cidadãos vociferando com os outros,
Pós-verdades santificadas,
Juízes que às injustiças são neutros,
Paredes de sangue marcadas...
É esta a visão do inferno?
Diabos! Apartai-vos de minha pessoa!
O governo da humanidade é um desgoverno
Pior que a natureza; é a mais poluída lagoa!
Mais informações sobre o livro, neste link
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