LOLA
Três mulheres e uma vida
Em narrativa envolvente, curiosa e cheia de surpresas, a autora Letícia Lobo conta a história de Lola, uma mulher pantaneira que não "ornava" com sociedade mato-grossense no início do século XX.
Questionada se o que escreve é verdade ou criação literária, a autora Letícia Lobo diz o seguinte: “... tento alçar voo e pousar na história como passarinho, pra nem pesar, nem permanecer... contando esse viver de “Vó Gusta”, tão atípico pra seu tempo, e totalmente fora de contexto de nossa Cuiabá, ou mesmo de Poconé. Prestando bem sentido e pondo de fato reparo, qualquer um sabe que essas cidades nunca serviram nem ornaram com seu feitio, seu figurino.
Não nos importemos com a veracidade dos fatos... Verdade, ou mentira, tudo são apenas inventivas... Que podem servir para nos deslocarmos no tempo e no espaço, pois o livro foi estruturado como o balanço das redes cuiabanas... Num vai-e-vem, danado...”
O linguajar cuiabano – e expressões regionais de Poconé, município do pantanal mato-grossense –, permeia todo o romance e nos oferece surpreendentes passagens e lembranças.
Quando está escrevendo seus textos no computador, a autora conta, de forma bem humorada: “Não admito corrigir meu linguajar cuiabano. Minha vontade é extrair o tal corretor de textos à moda dentista. Com-puta-dor... Dá “réiva” no freguês! Tricotado no inglês, tem trama estrangeira... Traduz coisas sem sentido. Faltam verbos... Sabe cous’alguma de cuiabanês!”
E sobre o seu jeito de escrever, Letícia acrescenta: “Pra não assombrar ninguém, rabisco em português simples. Limpo. Claro. Sem nenhum rigor literário. Escrevo pela possibilidade de alçar voos através dos rabiscos. Brinco com eles, e os acho a minha cara!!! São até um pouco dentuços. Às vezes, orelhudinhos! Cabulosos! Meus orgulhos! Deixarei “a quem interessar possa”. Não sei a quem escrevo. Pra mim, têm serventia: uma ginástica cerebral. Continuo rabiscando... Registro. Invento. Brinco. Escrevo livros.”
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LETÍCIA LOBO
“Antes mesmo de saber o sentido do viver, soube desde sempre o sentido de meu nome. É simples assim: Alegria! Já contei essa história anteriormente, quando escrevi o “Presta Sentido e Põe Reparo”, de que ao nascer eu ri, ao invés de chorar. Por isso sou toda Alegria: Letícia.
Sou agrônoma e ecóloga. E minha lide com as ciências da terra tornou-se outra fonte inspiradora para meus escritos. Escrevo sobre tudo que vejo, penso ou sonho. Meus escritos querem falar de pessoas e para pessoas. Entram na mente alheia, descobrem, e mostram novidades. Minha vida seria muito sem graça se não tivesse essa capacidade inventiva...
Agora, aos 55 anos, minha mente deu de me tapear. Às vezes me ludibria, me deixa no esquecido... A memória falha “evê” carro velho. Mais que depressa intensifico meus registros, hoje, de forma sistemática, em “cadernetas de campo”. Elas aceitam do mais ardiloso rabisco ao mais lacônico fuxico. Desses que roubam até o tempo alheio... E tudo precisa ser passado para o computador, que sofre horrores com meus rabiscos. Exijo dele severa obediência. Tem que ser meu confessionário. Sou a pecadora...”